oficinas

Entre os meses de Novembro e Dezembro de 2020 foram realizadas três oficinas de extensão, com certificado emitido pela Pró reitoria de Extensão da UFABC, organizadas pela equipe e jovens participantes do projeto. Houve o aprofundamento das temáticas de Geração de Renda e Comunicação Política, sempre interligadas com as relações de gênero e raça. Contamos com a participação de coletivos, movimentos sociais, grupos de pesquisa, entre outros, que relataram suas experiências e inspiraram as/os jovens no desenvolvimento dos projetos para seus territórios.

(Foto: Favela Porto de Areia na Vila Gustavo Correia em Carapicuíba, Zona Oeste-SP, 2021. DiCampana Foto Coletivo)

As oficinas tinham como objetivo geral, assim como todo o Projeto Território Populares Insurgentes, consolidar um campo do planejamento territorial que se baseie na experiência vivida dos moradores de territórios populares insurgentes, como modo de superar o formalismo de um planejamento que, descolado da realidade concreta, pouco considera potencialidades e especificidades desses territórios. Inúmeras/os jovens estão conquistando a cada dia, maior protagonismo nas cidades, em termos de ativismo político em espaços inventados que extrapolam os espaços institucionalizados. Acreditamos que a formação desses jovens em planejamento territorial popular, conectando territórios distintos e debatendo temáticas tão importantes, potencializa os espaços de reflexão da juventude já envolvida no projeto ao longo de todo o ano.

  • Ampliação de repertórios teóricos e práticos de jovens moradores de bairros populares, no conhecimento de seus territórios e formação para propostas de intervenção territorial; 
  • Compartilhamento de experiências e intercâmbio de saberes entre jovens de contextos territoriais populares distintos, bem como destes com pesquisadores universitários; 
  • Estabelecimento e  fortalecimento de redes, entre os diferentes sujeitos e contextos territoriais mapeados, e ampliar conhecimento dos territórios populares por todos os envolvidos; 
  • Promoção de formação para o uso de ferramentas tecnológicas, para a troca de experiências e a construção de propostas de intervenção urbana futuras e pós pandemia.

A metodologia das oficinas partiu dos princípios e conceitos da educação popular, do planejamento insurgente, da pesquisa-ação e da pesquisa participante baseada em comunidades. Para essa ação de extensão, foi pensada a dinâmica participativa que supõe a/o jovem como protagonista do processo e seus conhecimentos nos territórios vividos constituirão elementos essenciais da formação teórico-crítica dos participantes nos temas e metodologias da educação popular. Por fim, foram desenvolvidas oficinas de cartografia social, comunicação popular e intervenção e planejamento territorial insurgente.

Confira mais sobre elas ao lado:

No dia 05 de Novembro de 2020 aconteceu a Oficina de Cartografia Social, com o objetivo de discutir o uso das cartografias e os reconhecimentos já realizados pelas/os jovens do projeto sobre seu território. Uma discussão teórico-prática sobre os meios da cartografia social disponíveis, que permitem redes entre os atores e o planejamento territorial insurgente. Retomamos o percurso que toda a equipe fez de mapeamento, na perspectiva da cartografia afetiva, do olhar para o seu território de origem, para as vivências, as disputas, as resistências. Propôs-se, não apenas ler mapas, mas repensar as metodologias de pesquisa aplicadas no território.

Primeiro, fizemos uma breve retomada das discussões dos encontros anteriores e elementos da construção coletiva ao longo do ano. Depois, tivemos uma análise de conjuntura, a luta pelos direitos e os equipamentos públicos, principalmente no contexto da pandemia. Nossos convidados foram Aluízio Marino e João Victor da Cruz, do Observatório “De olho na quebrada”, que atua em Heliópolis mapeando a região e seus diversos pontos como a violência policial, os comércios, os eventos, a saúde mental dos moradores, entre outros. Além disso, discutimos a cartografia feminista e alguns exemplos da metodologia que relaciona gênero e raça com o território.

 

No dia 25 de Novembro de 2020 aconteceu a Oficina de Comunicação Popular, que trouxe a discussão da comunicação e as relações de poder,  o Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão que está assegurado na Constituição Federal Brasileira de 1988, além de abordar o jornalismo alternativo e periférico. 

A ideia da oficina era fazer um exercício de comunicação como um processo construtivo e criativo a partir das perguntas: Quais notícias você gostaria de ler sobre seu território? Em quais formatos e veículos de informação? Assim, as/os jovens foram desafiadas/os a pensar maneiras de potencializar a divulgação de pautas relevantes sobre o seu território e como se comunicar em tempos de resistência. 

Contamos com a convidada Riviane Lucena, que relatou sobre sua experiência com o Jornal Embarque No Direito, um projeto muito inspirador de comunicação e trabalho de base ao entregar o jornal impresso para os trabalhadores no transporte público. Também discutimos sobre a democratização da comunicação e vimos exemplos de veículos de comunicação que têm criado novas narrativas no jornalismo, por exemplo as reportagens e projetos da  Periferia em Movimento que utilizam cartografia para comunicar.

 

No dia 03 de Dezembro de 2020 aconteceu a Oficina Mulheres, renda e meio ambiente, com as convidadas Ana Cristina Morais, do Casa Lab, Claudia Visoni, da Bancada Ativista, Cafira Zoé, da Mobilizações Pelo Parque Do Bixiga e Izabela Borba, do Bahuinia Eco Social E Orgânicas Para Todes. Houve muita troca de experiências e inspiração para as/os jovens, principalmente na construção de seus projetos de intervenção e planejamento insurgente em seus territórios.